Testi di Diário De Um Detento - Seu Jorge, Racionais MC's

Diário De Um Detento - Seu Jorge, Racionais MC's
Informazioni sulla canzone In questa pagina puoi trovare il testo della canzone Diário De Um Detento, artista - Seu Jorge.
Data di rilascio: 31.12.2011
Linguaggio delle canzoni: portoghese

Diário De Um Detento

(originale)
São Paulo, dia 1º de outubro de 1992, 8h da manhã
Aqui estou, mais um dia
Sob o olhar sanguinário do vigia
Você não sabe como é caminhar
Com a cabeça na mira de uma HK
Metralhadora alemã ou de Israel
Estraçalha ladrão que nem papel
Na muralha, em pé, mais um cidadão José
Servindo o Estado, um PM bom
Passa fome, metido a Charles Bronson
Ele sabe o que eu desejo
Sabe o que eu penso
O dia tá chuvoso, o clima tá tenso
Vários tentaram fugir, eu também quero
Mas de um a cem, a minha chance é zero
Será que Deus ouviu minha oração?
Será que o juiz aceitou a apelação?
Mando um recado lá pro meu irmão:
«Se tiver usando droga, tá ruim na minha mão»
Ele ainda tá com aquela mina?
Pode crer, moleque é gente fina
Tirei um dia a menos ou um dia a mais, sei lá…
Tanto faz, os dias são iguais
Acendo um cigarro, e vejo o dia passar
Mato o tempo pra ele não me matar
Homem é homem, mulher é mulher
Estuprador é diferente, né?
Toma soco toda hora, ajoelha e beija os pés
E sangra até morrer na rua 10
Cada detento uma mãe, uma crença
Cada crime uma sentença
Cada sentença um motivo, uma história
De lágrima, sangue, vidas e glórias
Abandono, miséria, ódio, sofrimento
Desprezo, desilusão, ação do tempo
Misture bem essa química
Pronto: eis um novo detento
Lamentos no corredor, na cela, no pátio
Ao redor do campo, em todos os cantos
Mas eu conheço o sistema, meu irmão, hã…
Aqui não tem santo
Rátátátá… preciso evitar
Que um safado faça minha mãe chorar
Minha palavra de honra me protege
Pra viver no país das calças bege
Tic, tac, ainda é 9h40
O relógio da cadeia anda em câmera lenta
Ratatatá, mais um metrô vai passar
Com gente de bem, apressada, católica
Lendo jornal, satisfeita, hipócrita
Com raiva por dentro, a caminho do Centro
Olhando pra cá, curiosos, é lógico
Não, não é não, não é o zoológico
Minha vida não tem tanto valor
Quanto seu celular, seu computador
Hoje, tá difícil, não saiu o sol
Hoje não tem visita, não tem futebol
Alguns companheiros têm a mente mais fraca
Não suportam o tédio, arruma quiaca
Graças a Deus e à Virgem Maria
Faltam só um ano, três meses e uns dias
Tem uma cela lá em cima fechada
Desde terça-feira ninguém abre pra nada
Só o cheiro de morte e Pinho Sol
Um preso se enforcou com o lençol
Qual que foi?
Quem sabe?
Não conta
Ia tirar mais uns seis de ponta a ponta
Nada deixa um homem mais doente
Que o abandono dos parentes
Aí, moleque, me diz, então: cê quer o quê?
A vaga tá lá esperando você
Pega todos seus artigos importados
Seu currículo no crime e limpa o rabo
A vida bandida é sem futuro
Sua cara fica branca desse lado do muro
Já ouviu falar de Lúcifer?
Que veio do Inferno com moral um dia
No Carandiru, não, ele é só mais um
Comendo rango azedo com pneumonia
Aqui tem mano de Osasco, do Jardim D’Abril, Parelheiros
Mogi, Jardim Brasil, Bela Vista, Jardim Angela
Heliópolis, Itapevi, Paraisópolis
Ladrão sangue bom tem moral na quebrada
Mas pro Estado é só um número, mais nada
Nove pavilhões, sete mil homens
Que custam trezentos reais por mês, cada
Na última visita, o neguinho veio aí
Trouxe umas frutas, Marlboro, Free
Ligou que um pilantra lá da área voltou
Com Kadett vermelho, placa de Salvador
Pagando de gatão, ele xinga, ele abusa
Com uma nove milímetros embaixo da blusa
«Aí, neguinho, vem cá, e os manos onde é que tá?
Lembra desse cururu que tentou me matar?»
«Aquele puta ganso, pilantra, corno manso
Ficava muito doido e deixava a mina só
A mina era virgem e ainda era menor
Agora faz chupeta em troca de pó!»
«Esses papos me incomoda
Se eu tô na rua é foda…»
«É, o mundo roda, ele pode vir pra cá.»
«Não, já, já, meu processo tá aí
Eu quero mudar, eu quero sair
Se eu trombo esse fulano, não tem pá, não tem pum
E eu vou ter que assinar um cento e vinte e um.»
Amanheceu com sol, dois de outubro
Tudo funcionando, limpeza, jumbo
De madrugada eu senti um calafrio
Não era do vento, não era do frio
Acertos de conta tem quase todo dia
Tem outra logo mais, eu sabia
Lealdade é o que todo preso tenta
Conseguir a paz, de forma violenta
Se um salafrário sacanear alguém
Leva ponto na cara igual Frankenstein
Fumaça na janela, tem fogo na cela
Fudeu, foi além, se pã!, tem refém
A maioria se deixou envolver
Por uns cinco ou seis que não têm nada a perder
Dois ladrões considerados passaram a discutir
Mas não imaginavam o que estaria por vir
Traficantes, homicidas, estelionatários
Uma maioria de moleque primário
Era a brecha que o sistema queria
Avise o IML, chegou o grande dia
Depende do «sim» ou «não» de um só homem
Que prefere ser neutro pelo telefone
Ratatatá, caviar e champanhe
Fleury foi almoçar, que se foda a minha mãe!
Cachorros assassinos, gás lacrimogêneo…
Quem mata mais ladrão ganha medalha de prêmio!
O ser humano é descartável no Brasil
Como modess usado ou bombril
Cadeia?
Guarda o sistema não quis
Esconde o que a novela não diz
Ratatatá!
sangue jorra como água
Do ouvido, da boca e nariz
«O Senhor é meu pastor», perdoe o que seu filho fez
Morreu de bruços no Salmo 23
Sem padre, sem repórter
Sem arma, sem socorro
Vai pegar HIV na boca do cachorro
Cadáveres no poço, no pátio interno
Adolf Hitler sorri no inferno!
O Robocop do governo é frio, não sente pena
Só ódio e ri como a hiena
Ratatatá, Fleury e sua gangue
Vão nadar numa piscina de sangue
Mas quem vai acreditar no meu depoimento?
Dia 3 de outubro, diário de um detento…
(traduzione)
San Paolo, 1 ottobre 1992, 8 am
Eccomi, ancora un giorno
Sotto lo sguardo sanguinario del guardiano
Non sai com'è camminare
Con la testa nel mirino di un HK
Mitragliatrice tedesca o israeliana
Distruggi un ladro come carta
Sul muro, in piedi, un altro cittadino José
Al servizio dello Stato, un buon PM
Affamato, bloccato con Charles Bronson
Sa cosa voglio
Sai cosa penso
La giornata è piovosa, il clima è teso
Diversi hanno cercato di scappare, anch'io voglio
Ma da cento, la mia possibilità è zero
Dio ha ascoltato la mia preghiera?
Il giudice ha accolto il ricorso?
Mando un messaggio a mio fratello:
«Se fai uso di droghe, mi sta male in mano»
Ha ancora quella ragazza?
Puoi crederci, i bambini sono brave persone
Ho impiegato un giorno in meno o un giorno in più, non so...
Comunque, i giorni sono gli stessi
Accendo una sigaretta e vedo passare la giornata
Io ammazzo il tempo in modo che lui non uccida me
L'uomo è uomo, la donna è donna
Lo stupratore è diverso, giusto?
Prendi sempre pugni, inginocchiati e bacia i piedi
E morte dissanguato sulla strada 10
Ogni detenuto una madre, una convinzione
Ogni crimine una sentenza
Ogni frase una ragione, una storia
Di lacrime, sangue, vite e glorie
Abbandono, miseria, odio, sofferenza
Disprezzo, disillusione, azione meteorologica
Mescola bene questa chimica
Pronto: ecco un nuovo detenuto
Lamenti nel corridoio, nella cella, nel cortile
Intorno al campo, in ogni angolo
Ma conosco il sistema, fratello mio, uh...
Non c'è nessun santo qui
Rátátátá… Devo evitare
Che un bastardo faccia piangere mia madre
La mia parola d'onore mi protegge
Vivere nel paese dei pantaloni beige
Tic tac, sono ancora le 9:40
L'orologio del carcere funziona al rallentatore
Ratatatá, passerà un altro metro
Con gente buona, frettolosa, cattolica
Leggendo il giornale, soddisfatto, ipocrita
Arrabbiato dentro, sulla strada per il centro
Guardando qui, curioso, ovviamente
No, non è, non è lo zoo
La mia vita non vale molto
Per quanto riguarda il tuo cellulare, il tuo computer
Oggi è difficile, non è uscito il sole
Oggi non c'è visitatore, non c'è calcio
Alcuni compagni hanno una mente più debole
Non sopportano la noia, fai le valigie
Grazie a Dio e alla Vergine Maria
Manca solo un anno, tre mesi e pochi giorni
C'è una cella chiusa al piano di sopra
Da martedì nessuno apre per niente
Solo l'odore della morte e del sole di pino
Un prigioniero si è impiccato con il lenzuolo
Cos'era?
Chi lo sa?
non conta
Ne avrei presi altri sei da un capo all'altro
Niente rende un uomo più malato
Che l'abbandono dei parenti
Allora, ragazzo, dimmi, poi: cosa vuoi?
Il posto vacante è lì che ti aspetta
Ottieni tutti i tuoi articoli importati
Il tuo curriculum in crimine e ti pulisce il culo
La vita del bandito è senza futuro
La tua faccia diventa bianca su questo lato del muro
Mai sentito parlare di Lucifero?
Chi è venuto dall'inferno con la morale un giorno
No Carandiru, no, è solo un altro
Mangiare rango acido con la polmonite
Ecco il fratello di Osasco, di Jardim D'Abril, Parelheiros
Mogi, Jardim Brasil, Bela Vista, Jardim Angela
Heliopolis, Itapevi, Paraisópolis
Il buon ladro di sangue ha infranto la morale
Ma per lo Stato è solo un numero, niente di più
Nove padiglioni, settemila uomini
Che costava trecento reais al mese, ciascuno
Durante l'ultima visita, il neguinho è venuto lì
Ha portato della frutta, Marlboro, gratis
Ha detto che è tornato un truffatore della zona
Con targa rossa Kadett, Salvador
Pagando con gatão, maledice, abusa
Con un nove millimetri sotto la camicetta
«Ehi, negro, vieni qui, e fratelli, dove sei?
Ricordi quel bastone che ha cercato di uccidermi?»
«Quella cagna oca, canaglia, come un cornuto addomesticato
Sono diventato davvero pazzo e ho lasciato il mio in pace
La mina era vergine e ancora minorenne
Adesso fa un ciuccio in cambio di polvere!»
«Queste chiacchiere mi danno fastidio
Se sono per strada, cazzo...»
«Sì, il mondo gira, può venire qui.»
«No, già, già, il mio processo c'è
Voglio cambiare, voglio andarmene
Se mi imbatto in questo ragazzo, non ha una pala, non ha scoreggia
E dovrò firmarne centoventuno».
L'alba era soleggiata, 2 ottobre
Tutto funzionante, pulizia, jumbo
La mattina presto ho sentito un brivido
Non c'era vento, non faceva freddo
Gli insediamenti dei conti sono quasi tutti i giorni
Ce n'è un altro presto, lo sapevo
La lealtà è ciò che ogni prigioniero cerca
Raggiungere la pace, in modo violento
Se un mascalzone fa casino con qualcuno
Prende punto in faccia come Frankenstein
Fumo nella finestra, c'è fuoco nella cella
Fudeu, andato oltre, se pan!, ha un ostaggio
La maggioranza è stata coinvolta
Per tipo cinque o sei che non hanno niente da perdere
Due presunti ladri iniziarono a discutere
Ma non immaginavano cosa sarebbe successo
Spacciatori, assassini, truffatori
La maggior parte dei bambini primari
Era il divario voluto dal sistema
Avvisa l'IML che il grande giorno è arrivato
Dipende dal «sì» o dal «no» di un solo uomo
Chi preferisce essere neutrale al telefono
Ratatatá, caviale e champagne
Fleury è andata a pranzo, vaffanculo a mia madre!
Cani assassini, gas lacrimogeni...
Chi uccide il maggior numero di ladri vince la medaglia!
L'essere umano è usa e getta in Brasile
Come modalità usate o bombardiere
Catena?
Salvare il sistema non voleva
Nasconde ciò che il romanzo non dice
Ratata!
il sangue sgorga come acqua
Dall'orecchio, dalla bocca e dal naso
«Il Signore è il mio pastore», perdona ciò che ha fatto tuo figlio
Morto a faccia in giù nel Salmo 23
Nessun prete, nessun giornalista
Nessuna arma, nessun aiuto
Avrai l'HIV nella bocca del cane
Cadaveri nel pozzo, nel cortile interno
Adolf Hitler sorride all'inferno!
Il governo Robocop è freddo, non si sente dispiaciuto
Solo odio e risate come la iena
Ratatatá, Fleury e la loro banda
Vai a nuotare in una pozza di sangue
Ma chi crederà alla mia testimonianza?
3 ottobre, diario di un detenuto...
Valutazione della traduzione: 5/5 | Voti: 1

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